Embora a tenhamos como uma busca constante, a perfeição não existe. É o que dizem e o que nos mostram as experiências amorosas, os dias, os relatos e as percepções. É um tal de: seria tão bom se fosse assim, ou se não existisse essa questão, se as palavras fossem outras, se as atitudes correspondessem ao que gostei de ouvir, e por aí vai. E com esse ir, uma perspectiva de mudanças, de ser diferente, de relacionamentos bem sucedidos e de outros que se arrastam mesmo antes de terem início.
É uma espera e uma guerra de angústias, de "não dizeres", precipitações, equívocos, ruídos, de prós e contras, projeções, surpresas - boas e ruins, e, claro, alegrias e também decepções. Pois bem. Nessa dinâmica por uma vida a dois, prazerosa e “plena”, em que a perfeição não existe, mas é perseguida, é que construímos ou destruímos os relacionamentos.
Nas relações é preciso saber quando investir mais e quando é a hora de parar. Sim, a hora de parar, o que exige coragem, pois o envolvimento afetivo muitas vezes nos faz baixar a cabeça e sair desenfreados para o lugar do “tem que dar certo”. Mas a que preço?
A tolerância é bem vinda, mas até que ponto ela é saudável e suficiente para que algo dê certo? A persistência também é convidada a participar das nossas tentativas a dois, mas sem que nos esqueçamos o que realmente queremos. As relações anteriores podem ser consultadas nesses momentos. Afinal, estão lá, registradas, preenchendo os arquivos da vida.
E assim vamos... Nada de cobrar o que não se pode dar. Reconhecer e buscar novos caminhos faz parte dos projetos bem sucedidos. Então, se queremos uma relação, devemos ficar atentos, abrir mão, se possível e preciso, e deixar claro para a outra pessoa quando se espera mudanças. Sim, as mudanças que esperamos nas atitudes, não apenas em palavras e textos, tão comuns nesses tempos das relações virtuais e abstratas, nos deixando mais atentos e evitando repetições mal sucedidas.
Se estamos nos agredindo, e às nossas crenças, o melhor é correr pra balança e perguntar: vale a pena em nome dessa relação ou dessa nova proposta? Afinal, quem fica com a gente até o fim somos nós próprios. Está ai importância de não nos agredirmos em função de outra pessoa, do sentimento que se tem por ela. Estar junto não quer dizer desmerecer o que temos e somos - em função de ninguém, de uma relação, de uma vida a dois. Negociar é estar aberto ao encontro.
Quem abre mão de si, também não está verdadeiramente com o outro. Então, nos perguntemos sempre onde está e o que o que chamamos de perfeição, o que é ela e a que estamos dispostos a dar para obtê-la. Ou seja, quais os riscos que provocamos a nós mesmos quando queremos uma vida a dois. Ter o mínimo de consciência da relação desejada, "perfeita", nos faz mais centrados e menos influenciados, lembrando sempre que gente confusa pode trazer dor às nossas vidas.
Talvez a perfeição esteja no valor que estamos dispostos a pagar por nós mesmos, tendo a noção do valor de cada um, é claro, e por quem vale a pena tentar. E é ai que entra a sabedoria para admitir e a coragem para continuar ou finalizar. Nessa constante reflexão não nos esqueçamos de que o bem-estar é fundamental. O nosso e o do outro. Afinal, se não é bom, não é para ser.