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Um toque de realidade
Um toque de realidade

 

Uma verdade negada ou omitida, mesmo que pensada para “proteger” uma relação, vai sempre se materializar em forma de mal-estar, de sentimento sem nome, incômodo, e , talvez, fatal. Pois não saber o que, de fato, acontece com quem você está se relacionando, pode ser mais prejudicial ao casal do que a realidade dos fatos. Se quisermos ser felizes numa relação, é necessário um toque de realidade,  mesmo que não saibamos o quanto desta verdade pode ser suportada.

 

O sucesso de um encontro não depende somente de uma paixão ou de amor, sejam quais forem as concepções que cada um tem sobre esses sentimentos.  Se as realidades forem incompatíveis, “amar” não será suficiente para que duas pessoas estabeleçam uma relação verdadeira.  A verdade de cada um é fundamental para uma vida a dois.

 

Algumas pessoas vivem na ilusão de que a omissão pode prevalecer ao bem-estar. Parece que elas se esquecem que o tempo mostra tudo... de diferentes formas, mas mostra, e isso tem consequências. É o caso de mentiras que foram descobertas com o passar do tempo, arranhando a confiança e deixando marcas que podem prejudicar e até mesmo impossibilitar uma relação.

 

Uma história que começa com interrogações se estrutura frágil, confusa e sofrida. O “não dito” traz angústias, ofusca o otimismo, dificulta as projeções. Quando um relacionamento permanece na subjetividade, é  bem possível que seja apenas uma questão de tempo para que um sonho naufrague nos mares dos  desencontros.

 

Respeitar o sonho que se tem nos obriga a respeitar o outro, e a correr o risco de ser ou não aceito em nossas verdades. Histórias distorcidas, informações desencontradas e dúvidas demais não devem fazer parte da vida de quem busca um relacionamento verdadeiro.

 

Além do mais, é preciso estar livre de histórias antigas para caminhar pelo novo. Caso contrário, as ondas das amarras podem acarretar em naufrágios. Se cultivarmos a ilusão de que esconder é o ideal, nos colocamos no risco de não realizar uma vida a dois. E, pior, pois mesmo que o tempo de permanência em uma relação seja geralmente o período para enxergar o que é preciso, talvez tenhamos prolongado demais algo que, se não tivesse sido tão delongado, nos teria deixado livres, e a outra pessoa também,  para experiências possíveis.

 

Então, se quisermos sonhar juntos, que esses sonhos tenham as verdades das histórias individuais, pois são elas que moldam os casais. Vamos dar a oportunidade ao relacionamento; a nós mesmos, de dividirmos nossas vidas. Para isso, é preciso deixar claras as influencias das  nossas experiências vividas para que a outra pessoa decida se quer ou não ficar.

 

É essa pitada de verdade, ou seja, a história que o outro traz para as nossas vidas, assim como a nossa própria, que pode garantir uma relação consciente, a realização de um desejo.

 

Ficar para viver um sonho, é uma oportunidade, e pode ser um aprendizado. As interrogações devem ser respondidas.  Não se perde por lutar, mesmo tendo dúvidas. Mas é preciso estarmos cientes dos riscos, e isso pede verdades; pede um toque de realidade.  

  

 

Aleandro Rocha