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Encontros possíveis
Encontros possíveis

 

Observando a dinâmica dos relacionamentos, percebe-se  grande quantidade de desencontros nos quais deveriam haver encontros. São propostas que se iniciam com grandes promessas, mas que deságuam em finais confusos e tristes, antes mesmo de começar. São atitudes que revelam um mal-estar resultante de experiências ruins e seus arranhões mal curados. Nesse círculo vicioso encontram-se pessoas confusas e suas histórias incertas, mal construídas, não finalizadas, o que inviabiliza novas histórias e encontros possíveis.

 

Por descuido ou medo, nessa dinâmica perigosa que envolve os relacionamentos, os desencontros, que deveriam ser exceção, costumam prevalecer. Parece que muitas pessoas preferem “caminhar com dificuldades” a aceitar que os encontros também são possíveis.

 

Será que se desaprendeu a viver relações reais? O medo de se machucar? Pode ser punição inconsciente, sentimento confuso, mal elaborado, e transferido de forma errada. Talvez sim.  Quem sabe, por isso, é tão comum dizer “saudade” onde deveria ser “ontem foi bom”,  “quando voltaremos a nos ver?” ou   “o que faremos amanhã?”

 

A pessoa que não observa as próprias ações repetitivas pode deixar de acreditar que uma relação pode dar certo, e cultiva, muitas vezes de forma inconsciente, o sentimento de “não merecedor”, e isso afasta pessoas, provocando desencanto consigo próprio e com o outro.

 

Para o bem ou para o mal, existe, ainda, a tendência à virtualização das relações.  O ato de se conectar possibilita o recebimento e a divulgação de histórias e reflexões sobre a vida e as dinâmicas das relações, a cada minuto. As mensagens chegam em forma de belos textos, com lindas imagens e músicas. Parece que isso motiva e une. Parece. Pois assim que as recebemos, compartilhamos pelo facebook, whatsapp e outras redes. Mas essas mensagens passam tão rápidas quanto chegam, e poucas vezes nos impulsionam a vivenciá-las na vida real. Seria melhor se em vez de belas e animadas selfies existisse a disposição em buscar o bem-estar no agora, no real, no olho a olho.

 

O que as pessoas têm feito para encurtar caminhos para as realizações concretas? E a atitude? Em que lugar está a coragem para arriscar e buscar os sonhos de caminhar com alguém? Parece que, às vezes, é mais cômodo continuar sofrendo numa relação ruim, ou viver desencantado, do que acreditar e agarrar-se em uma nova oportunidade. Basta observar o tempo enorme que muitos gastam falando dos seus desencantos, das pendências do término de um casamento, por exemplo, do que atuar em um novo caminho. É o eterno cultivo do sofrer.

 

Por medo ou dúvida, esquecemo-nos de que a única oportunidade de vivência está no presente, no aqui e agora;  o resto é possibilidade,  pretensão.  Estar feliz é uma disposição que exige atitude, não uma projeção para o futuro. Agir requer coragem. A pessoa que adia a concretização de seus sonhos, adia a própria vida.

 

Ao buscar uma nova relação, as pessoas precisam conhecer a si mesmas e projetar menos expectativas em quem surge em suas vidas. Mulheres e homens que conhecem um pouco do que realmente são também sabem o que querem, até aonde podem ir, o que esperam do outro e o que podem oferecer a quem cruzar o seu caminho. 

 

Sonhar é bom. Mas não se esqueça de que levar o sonho para uma relação real é bem melhor. Por mais arriscado que possa parecer, é melhor chorar por uma tentativa frustrada do que ficar imaginando uma situação não vivida.

 

Aleandro Rocha